Em uma reportagem publicada na quinta-feira (24), a revista britânica The Economist descreveu o anúncio dos Estados Unidos sobre a implementação de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras e a suspensão dos vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como uma "chocante agressão". A publicação destacou que essa ação representa uma das maiores interferências americanas na América Latina desde a Guerra Fria.
A revista apontou que a relação entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva é marcada por antagonismos ideológicos, especialmente em relação à investigação sobre desinformação conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo a The Economist, a cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro em julho, pode ter sido o gatilho para a resposta agressiva de Trump, que busca desestabilizar o governo brasileiro.
Contrariando as expectativas do governo americano, as medidas de Trump parecem ter fortalecido o apoio a Lula entre a população. A revista observou que a aprovação do presidente brasileiro, que estava em queda, aumentou, e o Congresso, tradicionalmente dominado por partidos de direita, começou a considerar tarifas retaliatórias contra os EUA. Além disso, a reportagem destacou o impacto negativo das tarifas americanas em setores que são redutos de apoio a Jair Bolsonaro, ex-presidente que enfrenta processos no STF.
A Economist também criticou as alegações de práticas comerciais desleais do Brasil, reconhecendo que o país é uma das economias mais fechadas do mundo. A publicação concluiu que a reação dos brasileiros às tarifas de Trump, especialmente em relação ao sistema de pagamentos Pix, reflete um descontentamento crescente com a interferência americana nos assuntos internos do Brasil.