O Tesouro Nacional anunciou a captação de R$ 14,5 bilhões em seu mais recente leilão de títulos públicos, realizado nesta quarta-feira (23). A operação marca uma mudança significativa na estratégia de oferta, com maior ênfase em LFTs (títulos pós-fixados) e uma redução na quantidade de NTN-Bs (papéis atrelados à inflação). Essa decisão ocorre em um contexto de aumento nas taxas de juros exigidas pelos investidores, impulsionadas pela elevação das tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros para 50%.
O Tesouro elevou a oferta de LFTs de 650 mil para 900 mil papéis, priorizando instrumentos com menor risco de marcação a mercado. Em contrapartida, a oferta de NTN-Bs foi reduzida para 450 mil unidades, refletindo uma postura mais cautelosa diante da dispersão elevada nas taxas propostas. Como resultado, apenas 77% do volume ofertado desses papéis foi efetivamente colocado, com taxas mais altas.
A estratégia do Tesouro visa mitigar os efeitos da instabilidade externa e preservar o custo da dívida pública. Segundo a LCA Consultores, a escolha por LFTs se justifica pela maior aceitação desses papéis em momentos de incerteza, o que se refletiu na estabilidade dos prêmios. O relatório da XP Investimentos destaca que a LFT com vencimento em 2027 foi uma das mais demandadas no leilão, evidenciando o apetite dos investidores por papéis com menor volatilidade de preço.
As taxas dos títulos disponíveis no Tesouro Direto apresentam movimentos mistos, com o Prefixado 2028 apresentando leve queda nos juros, enquanto os papéis para 2032 e os de inflação, especialmente os de prazo mais curto, estão em alta. Essa operação demonstra o esforço do Tesouro Nacional em ajustar a gestão da dívida às condições de mercado, buscando um equilíbrio entre captação e preservação de custos em um cenário de pressão sobre os juros.