Durante as oitivas das testemunhas dos núcleos dois, três e quatro da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teve um confronto com o advogado Jeffrey Chiquini, que defende o ex-assessor internacional da Presidência, Filipe Martins. A discussão ocorreu antes do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, um dos principais colaboradores do inquérito.
Chiquini expressou preocupação com o fato de a defesa ter recebido acesso ao processo apenas quatro dias antes da audiência, o que, segundo ele, comprometeria o direito à ampla defesa. Moraes interrompeu o advogado, afirmando: "Enquanto eu falo, o senhor fica quieto", em resposta às interrupções que dificultaram a fluidez das declarações.
Além disso, Chiquini questionou a atuação da Procuradoria-Geral da República (PGR), sugerindo que a denúncia deveria ter sido mais clara quanto ao núcleo de seu cliente. Moraes rebatou: "Não é o senhor que vai ditar se a PGR deve denunciar seu cliente no núcleo 1, 2 ou 3. Se não, deveria ter feito concurso para a Procuradoria".
A audiência investiga crimes graves relacionados à tentativa de ruptura institucional no país, incluindo a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e participação em organização criminosa armada. Filipe Martins é considerado parte do núcleo estratégico da articulação golpista, e a expectativa é que os depoimentos ajudem a esclarecer a participação de cada envolvido no caso.