Nos últimos dias, a guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos tem dominado os noticiários, revelando um contencioso que vai além das relações pessoais entre os líderes dos dois países. A tensão se intensificou na semana da Cúpula dos BRICS, marcada pela presença do Irã, um novo membro do grupo, em um momento delicado após conflitos com Israel, aliado dos EUA no Oriente Médio.
A origem dessa disputa remonta a 1944, com os Acordos de Bretton Woods, que estabeleceram o dólar como moeda do comércio internacional. Desde então, a economia global se tornou dependente da moeda americana, que, após a suspensão da convertibilidade do dólar em ouro em 1971, consolidou o poder de barganha dos EUA. No entanto, a ascensão de potências do Sul Global, como Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul, começou a desafiar esse domínio.
Recentemente, a China tem avançado no sistema financeiro brasileiro, exemplificado pela aquisição do Banco da Bahia pela Bank of Communications, que se tornou o primeiro banco sul-americano a se integrar ao sistema de pagamentos interbancários da China. Além disso, a filial brasileira do ICBC foi designada como clearing house do renminbi, permitindo transações diretas em moeda chinesa no Brasil. Esses movimentos refletem uma estratégia de desdolarização global, alinhando o Brasil a potências como Rússia e Irã, que enfrentam sanções americanas.
Dessa forma, a guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos não é apenas uma questão econômica, mas também uma disputa política e estratégica que pode redefinir as relações internacionais e o papel do dólar no comércio global.