O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, do Exército, depôs nesta segunda-feira (28) ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o documento denominado "Operação Luneta", apreendido em um pendrive que estava em sua posse. Lima afirmou que o material não era um plano de golpe, mas sim um "estudo de cenário prospectivo" elaborado no setor de inteligência da 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre (RS). Ele foi um dos cinco detidos na operação Contragolpe da Polícia Federal, que investiga um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes.
Durante o depoimento, o tenente-coronel explicou que o documento fazia parte de uma rotina de projeções de cenários e negou qualquer caráter operacional. Segundo ele, o arquivo descrevia medidas para "restabelecer a lei e a ordem", mas não continha ordens definidas ou objetivos concretos. Lima classificou o cenário descrito como "puramente teórico" e afirmou que não havia previsão de ruptura institucional, mesmo em caso de fraudes nas urnas eletrônicas.
Lima também foi questionado sobre suas interações com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele confirmou ter compartilhado um arquivo sobre o código-fonte das urnas eletrônicas, mas negou ter a intenção de incitar ações contra o sistema eleitoral. O militar ressaltou que seu objetivo era reduzir tensões durante as manifestações em frente a quartéis em Porto Alegre, afirmando que não desejava ver confrontos entre soldados e manifestantes.
Além disso, Lima negou ter viajado a Brasília para monitorar autoridades, afirmando que sua presença na capital era para ajudar na mudança de um de seus filhos. Ele apresentou prints de conversas com a ex-mulher para corroborar sua versão. A Procuradoria Geral da República (PGR) investiga os integrantes do núcleo 3 do suposto golpe, que seriam responsáveis por ações de campo relacionadas ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas.