O tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima, preso preventivamente há nove meses, afirmou nesta segunda-feira (28) que o plano de "neutralização" de autoridades, apontado pela Polícia Federal (PF) como parte de uma trama golpista em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, era, na verdade, um documento de inteligência militar. Lima prestou depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) como réu do núcleo 3 da suposta conspiração, que envolve dez acusados de tentar convencer o alto comando das Forças Armadas a apoiar o golpe.
Durante o interrogatório, Lima explicou que o documento, denominado "des.op.Luneta", tinha como objetivo construir cenários hipotéticos para o comandante da 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre. Ele destacou que o material não visava uma operação golpista, mas sim a redução de incertezas em situações de interesse militar, partindo da premissa de que um relatório de fiscalização das Forças Armadas sobre as eleições de 2022 poderia indicar fraude.
O tenente-coronel também negou ter recebido ordens para elaborar o documento e afirmou que sua função era apresentar cenários ao general responsável, que poderia aprovar ou descartar as propostas. Lima ainda refutou a acusação de que teria ido a Brasília para monitorar o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, explicando que sua viagem foi para ajudar a mobiliar o apartamento dos filhos, que estudavam na Universidade de Brasília. Ele apresentou documentos para corroborar sua versão dos fatos.