O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, réu em ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que o plano encontrado pela Polícia Federal em sua residência, que incluía sugestões de prisão de ministros do STF e anulação das eleições, era apenas um exercício hipotético de inteligência militar. A afirmação foi feita durante seu interrogatório na Primeira Turma do STF, na última segunda-feira (28), no contexto do julgamento do núcleo 3 da suposta trama golpista envolvendo militares após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Ferreira Lima, que possui formação em Forças Especiais, explicou que o documento denominado "Desenho Operacional Luneta" foi uma simulação interna elaborada na 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre (RS), em resposta à possibilidade de fraudes eleitorais. Ele enfatizou que o plano, que previa medidas como a prisão de ministros considerados "geradores de instabilidade", nunca foi aprovado por seus superiores e foi descartado por ordem do chefe de inteligência da divisão.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), por sua vez, interpreta o material de forma diferente, considerando-o parte de um planejamento para uma ruptura institucional. A acusação sustenta que Ferreira Lima fazia parte do núcleo operacional da trama, em articulação com outros oficiais e civis ligados ao ex-presidente. Durante o depoimento, ele negou que uma reunião realizada em novembro de 2022 tivesse conteúdo golpista, enquanto outros nove réus também foram ouvidos na mesma sessão, marcada por debates sobre o uso de farda e a atuação institucional do Exército.