As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) encerraram a sexta-feira em alta, influenciadas pela operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação gerou apreensão no mercado sobre possíveis retaliações comerciais dos Estados Unidos ao Brasil. No fechamento, a taxa do DI para janeiro de 2027 subiu para 14,385%, enquanto a de janeiro de 2028 alcançou 13,74%.
A operação, que resultou em medidas restritivas impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, como o uso de tornozeleira eletrônica e proibição de contato com embaixadas, intensificou as preocupações sobre a relação Brasil-EUA. A decisão de Moraes foi ratificada pela maioria da Primeira Turma do STF e ocorreu um dia após declarações de Donald Trump sobre tarifas comerciais que poderiam afetar produtos brasileiros.
Analistas do mercado, como Matheus Spiess da Empiricus Research, destacam que a escalada do conflito político pode impactar negativamente a economia brasileira, especialmente com a direita política se fragmentando. A incerteza sobre a postura da Casa Branca em relação ao Brasil e a possibilidade de novas tarifas comerciais estão elevando o risco percebido pelos investidores.
Além disso, a expectativa de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) também reflete a cautela do mercado diante do cenário político e econômico. A precificação das opções na B3 indicava 99% de chances de manutenção da taxa, enquanto a possibilidade de aumento era considerada remota.