A indústria de ferro e aço no Centro-Oeste de Minas Gerais enfrenta um cenário de incertezas devido à proposta de taxação de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo governo dos Estados Unidos. A medida, que pode entrar em vigor em 1º de agosto, preocupa empresários da região, especialmente em cidades com forte presença siderúrgica, como Divinópolis, onde o setor representa cerca de 30% das exportações mineiras para o mercado norte-americano.
De acordo com Fausto Varela, presidente do Sindicato da Indústria do Ferro em Minas Gerais (Sindifer), o estado produziu 3,8 milhões de toneladas de ferro gusa em 2024, sendo 68% desse total destinado à exportação, com 85% das vendas para os Estados Unidos, resultando em um faturamento de US$ 1,2 bilhão. A dependência do mercado norte-americano torna a indústria vulnerável a alterações nas políticas comerciais, levando a uma expectativa de queda nas exportações e pressão sobre os preços.
Um estudo da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) projeta cenários alarmantes: a taxação de 50% poderia resultar na perda de 263 mil empregos e um impacto de R$ 4,4 bilhões na renda das famílias mineiras. Em um cenário mais extremo, com taxação de 100%, as perdas poderiam alcançar 294 mil empregos e R$ 5 bilhões em massa salarial. Empresários como Ronan Filho e Eduardo Santos expressam preocupação com a competitividade frente à China e a preservação dos postos de trabalho, destacando a necessidade de uma resposta diplomática eficaz.
O presidente da FIEMG Regional Centro-Oeste, Eduardo Soares, também alerta para os riscos da nova política tarifária, enfatizando que a imposição de taxas elevadas pode resultar em um acúmulo de produtos no mercado interno, sem impactar a inflação local, enquanto uma reciprocidade tarifária poderia agravar a situação econômica do estado.