A nova taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos, que entra em vigor em 1º de agosto, preocupa o setor produtivo de Mato Grosso do Sul, que havia registrado um aumento nas exportações para o país. No primeiro semestre de 2025, os EUA se tornaram o segundo maior destino dos produtos sul-mato-grossenses, atrás apenas da China, com exportações que totalizaram US$ 315,9 milhões, um aumento de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os produtos mais afetados pela nova tarifa incluem carne bovina, ferro fundido e celulose, que representam mais de 80% das exportações de MS para os EUA. Somente as carnes bovinas desossadas e congeladas corresponderam a 45,2% do total exportado, totalizando mais de US$ 142 milhões. A indústria de celulose também expressou preocupação, com exportações de pasta química de madeira superando US$ 1,7 bilhão, um aumento de 65,2% em comparação ao ano anterior.
Aldo Barigosse, analista de comércio exterior, alerta que a perda de competitividade pode ter efeitos em cadeia na economia estadual, com a possibilidade de redirecionamento da carne bovina para outros mercados, aumentando a oferta no Brasil e no exterior. Ele destaca que a pressão sobre a mão de obra e os investimentos pode ser significativa, caso as indústrias comecem a perder mercado.
Representantes do setor produtivo e economistas acreditam que ainda há tempo para o Brasil negociar com os EUA e tentar reverter a nova tarifa. Marcelo Bertoni, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), enfatizou a urgência da negociação, afirmando que a taxação pode causar problemas significativos para o setor. Barigosse acrescenta que a pressão empresarial deve aumentar para que o governo brasileiro busque um acordo com os EUA, uma vez que a entrada de produtos mais caros no mercado americano pode gerar inflação naquele país.