O Brasil alcançou a maior taxa básica de juros desde 2006, fixada em 14,75% ao ano, conforme anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A decisão, que visa 'desentupir os canais' da política monetária, busca impactar diretamente os tomadores de crédito, reduzindo a busca por financiamentos em tempos de aperto econômico.
Cerca de 40% do crédito no país é concedido por meio de linhas direcionadas, que oferecem juros subsidiados a setores como agricultura, pequenas empresas e financiamento imobiliário. Essa situação gera uma disparidade significativa nas taxas de juros, com médias anuais de 44% para crédito livre e 12,9% para crédito direcionado, evidenciando uma 'área VIP' de acesso ao crédito.
A lógica por trás dessa disparidade é semelhante à reforma tributária, onde benefícios a determinados setores resultam em maiores encargos para outros. O Banco Central reconhece que a manutenção de juros elevados é necessária enquanto o crédito direcionado continuar a ser amplamente utilizado, o que agrava a situação e pode elevar ainda mais as taxas direcionadas.
As gestões recentes do Banco Central, sob Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo, concordam que não há solução simples para os juros altos, mas a continuidade do uso extensivo de crédito direcionado é um fator que perpetua essa realidade.