Os Estados Unidos anunciaram a aplicação de tarifas de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 1° de agosto, gerando preocupações no mercado de commodities. Samuel Isaak, analista de commodities da XP, destacou em entrevista ao programa Morning Call que o impacto das tarifas varia conforme o produto, com o café e o suco de laranja sendo os mais afetados. O Brasil, maior produtor de suco de laranja e um dos principais exportadores de café, pode enfrentar desafios significativos na manutenção de sua participação no mercado americano.
Isaak enfatizou que, enquanto o suco de laranja não possui alternativas viáveis de mercado, o café pode ser exportado para outros países que realizam a torrefação antes de enviar o produto aos EUA, evitando assim as tarifas. Ele comparou o mercado de commodities a um sistema de diques, onde barreiras levam a uma adaptação e redirecionamento das exportações.
Além do café e do suco de laranja, outras frutas e produtos como madeira também podem ser impactados pelas novas tarifas. No setor de carnes, especialmente a bovina, o analista observou que, embora as exportações tenham diminuído, isso não se deve às tarifas, mas a fatores de mercado. O Brasil já preencheu rapidamente sua cota anual de importação de carne para os EUA, mas continua a exportar fora dessa cota, enfrentando impostos mais altos.
Isaak concluiu que, apesar das dificuldades, o mercado tende a se ajustar rapidamente às novas condições, como já ocorreu em situações anteriores, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, que inicialmente causou desespero, mas logo encontrou soluções.