A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto, gera incertezas comerciais significativas entre os dois países. A medida preocupa especialmente os setores de commodities, como café, carne bovina, suco de laranja, aço, papel e celulose, que podem perder competitividade no mercado americano devido à possibilidade de substituição por produtos de concorrentes internacionais.
Os EUA representam o segundo maior parceiro comercial do Brasil, respondendo por 12% das exportações brasileiras, o que equivale a 2% do PIB nacional. Em 2024, produtos como ferro e aço foram responsáveis por 8,8% do comércio com os EUA, seguidos por aeronaves (6,7%). Exportadores de aviões e sucos, como a Embraer e empresas do setor de suco de laranja, estão entre os mais vulneráveis à nova tarifa, com a Embraer obtendo mais da metade de sua receita do mercado americano.
Além disso, a agência de análise de risco de crédito Moody’s alerta que a combinação de queda nas exportações e desaceleração econômica pode impactar a qualidade dos ativos dos bancos brasileiros. A Amcham já observa sinais de desaceleração em diversos segmentos, com quedas nas exportações para os EUA em setores como celulose e máquinas. A elevação das tarifas pode intensificar esses efeitos negativos, afetando não apenas a balança comercial, mas também o sistema financeiro do Brasil como um todo.