A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pode impactar severamente o agronegócio do Brasil. A medida, anunciada em um comunicado oficial, visa aumentar a competitividade do mercado interno americano, mas pode resultar em desequilíbrios significativos para os produtores brasileiros, especialmente nos setores de suco de laranja, café, carne bovina e frutas frescas.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo, o suco de laranja é o produto mais vulnerável a essa nova tarifa, já que enfrenta uma tarifa fixa de US$ 415 por tonelada. Com a sobretaxa, os custos de exportação para os Estados Unidos, que absorvem 80% do suco brasileiro, podem inviabilizar a competitividade do produto no mercado americano. A professora Margarete Boteon, do Cepea, destacou que a instabilidade ocorre em um momento de boa safra, com uma projeção de 314,6 milhões de caixas para 2025/26.
O café, que representa 25% das importações dos EUA, também poderá sofrer com a medida, afetando toda a cadeia produtiva, desde torrefadoras até redes de varejo. Renato Ribeiro, pesquisador do Cepea, enfatizou a necessidade de excluir o café do pacote tarifário para garantir a sustentabilidade da cafeicultura brasileira e a estabilidade do abastecimento nos Estados Unidos.
Além disso, a carne bovina, do qual os EUA são o segundo maior comprador, pode ver suas exportações reduzidas, enquanto as vendas para a China aumentam. Com a incerteza sobre as tarifas, produtores têm adiado grandes negociações, o que pode resultar em um acúmulo de estoques e pressão sobre os preços internos. O Cepea alerta que a janela crítica de exportação para frutas, como a manga, já está sendo afetada pela indefinição tarifária, com relatos de postergação de embarques.