A recente imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a partir de 1º de agosto, gera preocupações sobre o impacto nos investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil. O país, que é o segundo maior parceiro comercial dos EUA, pode enfrentar riscos significativos caso as tensões comerciais se intensifiquem, segundo o Banco Internacional de Compensações (BIS).
Desde a Grande Crise Financeira Global, políticas protecionistas têm se intensificado, com um aumento de 8% ao ano nas restrições impostas por economias avançadas a produtos de países emergentes entre 2009 e 2023. O BIS alerta que essa tendência pode reduzir o fluxo de IED, comprometendo o crescimento econômico dos países emergentes.
Embora a balança comercial com os EUA represente menos de 2% do PIB brasileiro, economistas estimam que as tarifas possam impactar o crescimento do Brasil em até 0,4 ponto percentual. O Brasil registrou um ingresso líquido de mais de US$ 30 bilhões em IED até maio de 2024, uma queda de 1,90% em relação ao ano anterior, e o Banco Central projeta uma entrada líquida de US$ 70 bilhões em 2025, abaixo do recorde de 2022.
Especialistas, como o economista-chefe do UBS BB, Alexandre de Ázara, destacam que a classificação do Brasil como 'não-amigável' pelos EUA pode afetar os investimentos diretos, mas não preveem um colapso total. A expectativa é que o Brasil continue atraindo fluxos robustos de IED, apesar das incertezas no cenário internacional.