As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem entrar em vigor em 1º de agosto, caso não sejam revertidas. Economistas apontam que essa medida pode frear o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, pressionar a inflação e aumentar os desafios para as empresas. A XP estima que as tarifas podem reduzir o crescimento do PIB em até 0,50 ponto percentual em 2026, com uma queda nas exportações brasileiras para os EUA de US$ 6,5 bilhões em 2025 e US$ 16,5 bilhões em 2026.
Embora as exportações para os EUA representem apenas 1,9% do PIB brasileiro, cerca de 40% desse total é composto por produtos manufaturados com baixa possibilidade de redirecionamento para outros mercados. A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, destaca que a incerteza gerada pelo anúncio pode inviabilizar parte das vendas para os EUA, enquanto outras poderão ser absorvidas por mercados alternativos. Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, ressalta que, apesar do impacto negativo, a exposição do Brasil ao mercado americano é relativamente pequena, com apenas 12% das exportações destinadas aos EUA.
Além do impacto no PIB, as tarifas também podem pressionar a inflação por meio da desvalorização do real, que pode ocorrer devido à aversão ao risco dos investidores. O banco Inter alerta que essa situação pode dificultar o processo de desinflação da economia brasileira, embora o real ainda não tenha alcançado os níveis de desvalorização vistos no final do ano passado. A médio prazo, o aumento das tarifas pode levar a uma desaceleração maior do que a esperada na produção industrial, especialmente em um cenário de Selic elevada a 15%.