Os consumidores norte-americanos poderão enfrentar aumentos significativos nos preços de alimentos essenciais, como café e suco de laranja, caso o governo Trump mantenha seu plano de impor tarifas de 50% sobre todas as importações do Brasil. A medida foi anunciada na quarta-feira, 9 de agosto, e deve entrar em vigor em 1º de agosto, segundo comerciantes e especialistas. Apesar de os EUA apresentarem um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil, as novas tarifas podem impactar diretamente o mercado de commodities agrícolas.
O Brasil é responsável por quase 50% da produção mundial de café arábica e 80% do suco de laranja exportado globalmente. Especialistas alertam que o aumento nas tarifas pode afetar principalmente o café e o suco de laranja, com o analista de açúcar Michael McDougall destacando que o impacto sobre o açúcar será menor. A maioria das importações de açaí nos EUA também provém do Brasil, que é o maior produtor mundial da fruta.
O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, mencionou que algumas frutas tropicais e especiarias poderiam ser isentas de tarifas, dependendo das negociações com os países exportadores. No entanto, a viabilidade econômica de vender café brasileiro para os EUA com a nova tarifa é questionada por especialistas do setor. Atualmente, cerca de um terço do café consumido nos EUA é originário do Brasil, que também fornece mais da metade do suco de laranja vendido no país.
Além disso, a produção de laranjas nos EUA enfrenta desafios significativos, com previsões indicando que a safra de laranja atingirá uma mínima histórica na temporada 2024/25. A R-CALF USA, uma organização de produtores de gado, expressou apoio à tarifa, argumentando que as exportações brasileiras têm contribuído para o encolhimento do setor pecuário americano, e que a medida é um passo necessário para reduzir a dependência de alimentos importados.