O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 9 de julho, sobre a imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros, gerou uma onda de desinvestimentos na Bolsa brasileira. Desde então, até 17 de julho, o país registrou oito sessões consecutivas de retirada de recursos, totalizando R$ 6,372 bilhões. A expectativa é que, sem um acordo comercial até 1º de agosto, o Brasil se torne o país com a maior taxa tarifária nesta nova rodada de medidas, superando o piso anterior de 10%.
Os analistas apontam que a politização da questão tarifária pelos EUA pode dificultar as negociações e aumentar o risco de o Brasil ser um perdedor no cenário global de investimentos. A incerteza também pode manter a política monetária brasileira restritiva por mais tempo, afetando a inflação e o crescimento econômico. O estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, destaca que a situação atual coloca o Brasil como o pior entre os países em termos de tarifas, o que levanta questionamentos sobre a atratividade da Bolsa.
Além disso, o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, ressalta que a Selic elevada, atualmente em 15% ao ano, torna o ambiente desfavorável para investimentos na Bolsa, especialmente para empresas endividadas. A combinação de fatores geopolíticos e incertezas fiscais, incluindo a popularidade crescente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contribui para um cenário de cautela entre os investidores. O fluxo de capital externo que sustentou o Ibovespa no primeiro semestre, com R$ 26,4 bilhões, pode ser ameaçado, refletindo a fragilidade do mercado diante das novas tarifas.