A ameaça do governo de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros está gerando efeitos inesperados, segundo análise publicada pelo jornal americano The Washington Post neste domingo (20). A coluna, escrita por Ishaan Tharoor, aponta que a ofensiva comercial, que visava apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, acabou por fortalecer politicamente o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A análise destaca que, ao invés de demonstrar força, a medida transformou Lula em um símbolo de resistência nacional. As tarifas foram anunciadas mesmo com os Estados Unidos mantendo um superávit na balança comercial com o Brasil, sugerindo que o verdadeiro objetivo da ação era pressionar o governo Lula a interromper processos judiciais contra Bolsonaro e punir o ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que envolvem o ex-presidente.
Lula aproveitou a situação para se posicionar publicamente contra a pressão externa, criticando Trump em entrevista à CNN, onde afirmou que o ex-presidente não foi eleito para ser “imperador do mundo”. Nos bastidores, diplomatas americanos expressam desconforto com a ofensiva, considerando-a prejudicial à credibilidade dos EUA na promoção da democracia.
Caso não haja negociação, as tarifas devem entrar em vigor em 1º de agosto, representando a maior sanção comercial imposta por Trump até o momento. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro está aberto ao diálogo, mas não observa disposição por parte dos EUA, enfatizando a intenção de não retaliar para proteger a economia nacional.