A revista britânica The Economist classificou a ofensiva tarifária do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil como uma "agressão extraordinária" que pode estar fortalecendo politicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A análise foi publicada na última quinta-feira (24) e destaca que as ameaças tarifárias e as pressões políticas dos apoiadores de Trump estão gerando um efeito contrário ao desejado. Desde a promessa de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, feita em 9 de julho, o governo dos EUA intensificou suas ações, incluindo a abertura de uma investigação comercial e a revogação de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula, em resposta, qualificou as ameaças como "chantagem inaceitável" e um ataque à soberania nacional. Durante um evento em Osasco (SP) na sexta-feira (25), o presidente afirmou que o Brasil está aberto ao diálogo com Trump. A Economist também observou que a situação pode ter repercussões políticas para o ex-presidente Jair Bolsonaro, uma vez que a Confederação Nacional da Agricultura, tradicional aliada de Bolsonaro, condenou o caráter político das tarifas.
A publicação ainda aponta que a medida pode ter impactos econômicos significativos, especialmente no agronegócio, com estimativas indicando a perda de até 110 mil empregos. A situação se agrava, pois mais de um terço dos grãos de café não torrados e a maioria do suco de laranja importados pelos EUA vêm do Brasil. Apesar das tensões, as tratativas entre o governo Lula e Washington permanecem estagnadas desde maio, enquanto Eduardo Bolsonaro mantém acesso direto à Casa Branca, expressando admiração por Trump.