A partir de 1º de agosto, uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, implementada pelo governo de Donald Trump, pode transformar o açaí em um item de luxo nas prateleiras dos Estados Unidos. A medida impacta diretamente o mercado do açaí, já que a maior parte da polpa consumida nos EUA, Europa e Ásia é proveniente do Brasil. Sem um acordo comercial entre os países, tanto consumidores americanos quanto empresas do setor poderão sentir os efeitos dessa mudança.
Ashley Ibarra, gerente da rede Playa Bowls em Manhattan, que possui cerca de 300 unidades nos EUA, alertou que o aumento nos preços pode afastar os consumidores. Atualmente, uma tigela de açaí com coberturas pode custar até US$ 18, equivalente a cerca de R$ 100. A concorrente Oakberry, maior rede de açaí do mundo, também já apresenta preços elevados, com porções menores custando em média US$ 13, ou R$ 72.
A produção de açaí no Brasil cresceu significativamente nos últimos anos, saltando de 150 mil toneladas há uma década para quase 2 milhões de toneladas em 2024, segundo dados do IBGE e dos governos do Pará e Amazonas. O Pará é o principal estado produtor, e os EUA representam o maior mercado para as exportações brasileiras. Nazareno Alves da Silva, presidente da Associação de Produtores de Açaí do Amazonas, afirmou que ainda não há uma estratégia definida para mitigar o impacto da nova tarifa, o que pode resultar em uma redução das vendas para os EUA e a busca por novos mercados.
Além do açaí, o Brasil também é um dos principais fornecedores de café, suco de laranja e carne bovina para os Estados Unidos, o que indica que a política tarifária de Trump pode ter repercussões amplas, afetando não apenas os apreciadores de açaí, mas também consumidores de outros produtos brasileiros no mercado americano.