Os Estados Unidos anunciaram a implementação de uma nova tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, que entrará em vigor em 1º de agosto. A medida afeta diretamente o agronegócio brasileiro, com setores como carne bovina, suco de laranja e açúcar, que são fundamentais para as exportações rurais, entre os mais prejudicados. Esses produtos são amplamente representados por produtores e empresários que apoiam o ex-presidente Donald Trump, responsável pela decisão.
Em 2024, os EUA foram o segundo maior destino das exportações do agronegócio brasileiro, com 9,4 milhões de toneladas enviadas e uma receita de aproximadamente US$ 12 bilhões. O novo pacote tarifário altera significativamente o cenário, especialmente após um aumento anterior de 10% nas tarifas em abril. A indústria estima que os prejuízos anuais podem ultrapassar R$ 1 bilhão, considerando os custos adicionais de exportação.
No setor sucroalcooleiro, a cota de açúcar brasileiro nos EUA é de 150 mil toneladas por safra, gerando cerca de R$ 600 milhões. Nos primeiros cinco meses de 2025, o Brasil exportou 322,9 mil toneladas de açúcar ao mercado americano, com faturamento de US$ 210,7 milhões. A nova tarifa pode inviabilizar parte desses embarques, afetando especialmente as regiões produtoras do Nordeste.
A imposição das tarifas pode resultar em um efeito colateral no mercado interno brasileiro, forçando exportadores a direcionar sua produção para o mercado local, o que pode gerar um excedente de oferta e pressão sobre os preços. Essa dinâmica pode afetar a rentabilidade das cadeias produtivas, impactando produtores, cooperativas e o varejo, além de evidenciar as contradições de apoiar políticas comerciais que prejudicam o próprio agronegócio nacional.