A quatro dias da implementação da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil, a incerteza econômica permanece alta. A medida, que pode entrar em vigor caso não haja consenso entre os países, é vista como potencialmente desinflacionária, o que levou a uma leve redução na curva de juros local durante o pregão desta segunda-feira, 28. A expectativa é que, com a diminuição das exportações, as empresas direcionem seus produtos para o mercado interno, resultando em uma queda nos preços.
No fechamento do mercado, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 subiu de 14,929% para 14,930%. Já o DI de janeiro de 2027 apresentou uma queda, passando de 14,23% para 14,215%. O cenário de juros reflete a expectativa dos investidores em relação à nova tarifa, com três possíveis cenários sendo considerados, desde uma redução na tarifa até uma retaliação por parte do governo brasileiro.
Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, destaca que a hipótese mais provável é a imposição da tarifa integral de 50%, sem resposta do Brasil, o que poderia aumentar a oferta de produtos no mercado interno e pressionar os preços para baixo. Com a Selic em 15%, o mercado já antecipa um possível corte na taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em resposta a um cenário de inflação mais baixa.
O banco Pine revisou sua estimativa para a variação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de 2025, reduzindo-a de 1,5% para zero, influenciado pela nova tarifa. Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa econômica do banco, acredita que a data de 1º de agosto, quando as tarifas devem ser aplicadas a cerca de 60 parceiros comerciais, incluindo o Brasil, não será alterada. Setores específicos, como produtos florestais, autopeças e agropecuária, podem ser mais afetados pela ofensiva comercial americana.