A nova tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros já gera efeitos negativos nas exportações cearenses, mesmo antes de sua entrada em vigor, marcada para 1º de agosto. Compradores norte-americanos estão suspendendo negociações, temendo os impactos econômicos da medida. Segundo Augusto Fernandes, CEO da JM Negócios Internacionais, cerca de 20 contêineres, principalmente de mel, pedra bruta e cera, estão retidos em diferentes etapas logísticas, comprometendo a receita das empresas exportadoras.
Fernandes destaca que a paralisação das exportações pode resultar em prejuízos significativos, citando o exemplo de um cliente que, anualmente, envia cerca de 100 contêineres de mel para os Estados Unidos, gerando um faturamento de aproximadamente 12 milhões de dólares. A interrupção desses embarques não só afeta a receita das empresas, mas também aumenta o risco de desemprego, especialmente entre pequenos produtores e cooperativas que dependem desse mercado.
A situação é considerada crítica, com Fernandes comparando os efeitos da tarifa a uma "bomba atômica na economia". A JM Negócios Internacionais está trabalhando para garantir que as cargas sejam despachadas antes da vigência da nova tarifa, minimizando os impactos econômicos. O Porto do Pecém, por sua vez, informa que continua operando normalmente e ainda não recebeu solicitações formais de alteração no cronograma de carga.
Além do setor de mel, o setor pesqueiro do Ceará também está em alerta. O estado é responsável por mais de 25% das exportações brasileiras de pescados, e a nova tarifa pode desestruturar toda a cadeia produtiva, segundo Paulo Gonçalves, representante do Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca do Estado do Ceará. A preocupação é que a tarifa comprometa os 57 mil empregos gerados pelo setor, que tem o mercado norte-americano como um de seus principais destinos.