O recente anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os EUA trouxe novas incertezas para a balança comercial do Brasil em 2024. A avaliação foi divulgada nesta segunda-feira, 14, pelo Indicador de Comércio Exterior (Icomex) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). A Secretaria de Comércio Exterior revisou sua previsão de superávit, reduzindo-a de US$ 70,2 bilhões para US$ 50,4 bilhões, citando que, sem a tarifa, a expectativa seria de um saldo mais otimista de cerca de US$ 60 bilhões.
O relatório do Icomex destaca que o governo brasileiro foi pego de surpresa com a medida, que contradiz a expectativa de que as tarifas americanas visariam países com superávit comercial em relação aos EUA. O Brasil, que apresenta um déficit de US$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2024, vê suas exportações para os EUA, que incluem produtos como siderurgia e aeronaves, ameaçadas pela nova taxa. Setores agropecuário e industrial, especialmente em São Paulo, já alertaram que a tarifa poderá inviabilizar suas exportações.
Além disso, o documento ressalta que, embora a dependência do Brasil em relação ao mercado americano tenha diminuído ao longo dos anos, passando de 24,4% em 2001 para 12% em 2024, a situação atual ainda requer cautela. Analistas sugerem que, historicamente, Trump tende a recuar após endurecer suas posições. Enquanto isso, a balança comercial brasileira já apresenta sinais de deterioração, com um superávit de US$ 5,9 bilhões em junho, inferior ao mesmo mês do ano anterior, e uma queda no saldo acumulado no semestre de US$ 41,6 bilhões para US$ 30,1 bilhões.