As exportações de mel orgânico do Piauí para os Estados Unidos enfrentam uma grave ameaça devido à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump e prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. A medida, que visa proteger a produção interna americana, pode resultar em uma significativa redução na importação do mel brasileiro, afetando especialmente os pequenos apicultores da região, que dependem dessa atividade para sua subsistência.
Em entrevista ao g1, Darcet Costa Souza, professor titular da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e especialista em apicultura, destacou que a imposição da tarifa pode levar a uma diminuição do consumo do mel brasileiro no mercado norte-americano, o que impactaria diretamente a remuneração dos produtores locais. Atualmente, os Estados Unidos consomem cerca de 80% do mel produzido no Brasil, e o Piauí se destacou como o maior exportador do produto para o país em 2024.
O mel orgânico do Piauí é reconhecido por suas práticas sustentáveis e pela certificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A produção é realizada em áreas de mata nativa e não utiliza adubos, fertilizantes ou inseticidas, o que garante um produto de alta qualidade e com menor risco à saúde. A crescente demanda por alimentos orgânicos no Brasil, impulsionada pela conscientização dos consumidores, pode ser um fator positivo para os produtores, caso consigam contornar os efeitos da tarifa.
Para enfrentar a nova realidade imposta pela tarifa, a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) está avaliando estratégias, incluindo a possibilidade de dividir a taxa com os importadores norte-americanos. Os produtores temem que, caso a tarifa seja integralmente repassada, o preço do mel em dólar terá que ser ajustado, o que poderá inviabilizar as exportações e afetar ainda mais a renda dos pequenos apicultores da região.