O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que os réus do núcleo 3 da suposta trama golpista, que buscou manter Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições, não utilizem uniforme militar durante seus depoimentos. A decisão foi comunicada pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que enfatizou que a acusação se dirige aos militares envolvidos, e não ao Exército Brasileiro como um todo.
As defesas dos tenentes-coronéis Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, que foram solicitados a trocar de roupa antes de serem interrogados, contestaram a determinação. Martins, atualmente preso em uma unidade militar, alegou que é obrigado a usar farda durante todo o dia, enquanto Lima descreveu a situação como "vexatória", uma vez que não havia sido previamente avisado sobre a necessidade de comparecer ao interrogatório sem uniforme.
Os dois oficiais fazem parte de um grupo conhecido como "kids pretos" e são acusados de monitorar o ministro Alexandre de Moraes em Brasília, em dezembro de 2022, enquanto aguardavam ordens para implementar um plano de sequestro e possível execução do ministro. A Procuradoria-Geral da República alega que o plano foi abortado devido à resistência do comando do Exército na época.
O núcleo 3 da trama é composto por nove militares e um policial federal, todos acusados de realizar ações para efetivar o golpe e pressionar o alto comando das Forças Armadas a se unirem ao complô. Os interrogatórios dos réus estão agendados para esta segunda-feira, com a presença de figuras de destaque das Forças Armadas.