O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta segunda-feira (28) o interrogatório de dez réus do núcleo 3 da ação penal que investiga a tentativa de golpe de estado por parte de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre os réus, o coronel do Exército Marcio Nunes de Resende Júnior destacou a falta de posicionamento da corporação em relação ao acampamento em frente ao Quartel General em Brasília, o que, segundo ele, gerou interpretações de apoio ao movimento.
Durante seu depoimento, Resende Júnior afirmou que o "silêncio ensurdecedor" do Exército permitiu que os manifestantes, que não aceitavam o resultado das eleições de 2022, se sentissem legitimados a discursar e organizar atos. Ele enfatizou que, embora o Exército não estivesse apoiando o acampamento, a ausência de uma comunicação clara poderia ter incentivado a adesão de mais pessoas ao movimento.
O acampamento, que surgiu após o segundo turno das eleições, ganhou notoriedade após os eventos de 8 de janeiro, quando vândalos, muitos dos quais estavam acampados, invadiram as sedes dos Três Poderes. A operação de desmantelamento do acampamento ocorreu no dia 9 de janeiro, resultando na prisão de cerca de 1.200 pessoas. Resende Júnior, que enviou mensagens de teor golpista em um grupo de WhatsApp, afirmou que suas ideias não foram concretizadas e que não houve intenção de organizar qualquer ação.
As declarações do coronel fazem parte de um processo que busca esclarecer as circunstâncias que levaram aos atos golpistas e a possível conivência de membros das Forças Armadas com os manifestantes. O desdobramento do caso continua a ser acompanhado de perto pela sociedade e pelas autoridades.