A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (8) a Operação Underhand, que investiga fraudes em licitações e desvio de recursos públicos em cidades do Ceará, envolvendo o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE). A operação foi autorizada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a PF relatar que um grupo ligado ao parlamentar cobrava 12% de 'pedágio' sobre emendas parlamentares para liberar recursos e direcionar contratações.
De acordo com a PF, áudios e mensagens obtidas durante a investigação indicam que o grupo estava ciente da liberação de recursos e do retorno financeiro esperado. Além disso, a corporação revelou que a ex-prefeita de um município relatou ter recebido uma proposta de repasse de emenda parlamentar condicionada a uma devolução de 15% do valor. Tais práticas foram descritas como uma forma de corrupção institucionalizada.
O ministro Gilmar Mendes destacou que os envolvidos no esquema estavam apagando mensagens e adotando estratégias para dificultar a atuação da polícia, o que poderia comprometer a coleta de provas. A PF identificou Júnior Mano como uma figura central da organização criminosa, que teria manipulado eleições e desviado recursos públicos em diversas cidades cearenses.
A cidade de Nova Russas, onde a esposa do deputado, Giordanna Mano, é prefeita, recebeu o maior volume de recursos, totalizando R$ 4,4 milhões em emendas desde 2021, sendo R$ 3,05 milhões por transferências especiais, que não exigem detalhamento da aplicação dos recursos. As investigações seguem em andamento, com a PF buscando desmantelar a estrutura criminosa identificada.