O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na segunda-feira (21 de julho de 2025) a abertura de um inquérito pela Polícia Federal (PF) para investigar suspeitas de insider trading relacionadas à compra e venda de dólares com lucros de até 50% antes do anúncio de sanções comerciais dos Estados Unidos ao Brasil. A decisão foi tomada em resposta a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), que identificou transações atípicas realizadas horas antes da divulgação das tarifas de 50% impostas ao Brasil.
As investigações foram motivadas por uma carta enviada pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 9 de julho, na qual anunciava o aumento das tarifas. Trump justificou a medida citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, classificando-o como uma "caça às bruxas". Segundo Spencer Hakimian, gestor da Toulou Capital, as operações financeiras podem ter gerado lucros significativos em menos de três horas, com movimentações bilionárias ocorrendo antes e após o anúncio de Trump.
A AGU também solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sejam acionadas para tomar medidas criminais e administrativas, uma vez que as condutas investigadas podem configurar crime conforme o artigo 27-D da Lei 6.385/76, que trata do uso indevido de informações relevantes ainda não divulgadas ao mercado. O inquérito tramita em sigilo e está conectado a outra apuração que investiga o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado de articular pressão para anular a ação penal contra seu pai.
A situação levanta preocupações sobre a integridade do mercado financeiro brasileiro e as implicações das sanções comerciais dos EUA, que podem afetar setores importantes da economia nacional, como exportações de café, carne e frutas.