O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de um novo inquérito para investigar a suposta destinação irregular de emendas parlamentares por autoridades com foro privilegiado, incluindo o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo Lula na Câmara. A decisão foi divulgada na quarta-feira (9) e é um desdobramento da operação da Polícia Federal deflagrada na terça-feira (8), que teve como alvo principal o deputado Júnior Mano (PSB-CE).
A investigação da PF aponta que um esquema de cobrança de propina de até 12% estava em operação para liberar recursos públicos a prefeituras no Ceará. Além de Guimarães, outros nomes como Eunício Oliveira (MDB-CE) e Yury do Paredão (MDB-CE) foram mencionados em diálogos interceptados, que revelam a destinação de emendas em troca de pagamentos ilícitos. Bebeto do Choró, um operador político do esquema, está foragido após ter sido eleito prefeito de Choró, mas não ter assumido o cargo devido a uma decisão da Justiça Eleitoral.
Mensagens apreendidas no celular de Bebeto indicam que emendas parlamentares eram direcionadas a municípios específicos mediante pagamento de propina. Guimarães, por sua vez, negou qualquer irregularidade, afirmando que não destinou verbas para os municípios mencionados. A assessoria de Eunício Oliveira também defendeu a legalidade das emendas, enquanto Yury do Paredão afirmou que seus recursos são públicos e disponíveis para consulta.
Gilmar Mendes determinou que a nova investigação ocorra separadamente da original, respeitando a competência do STF. O foco será aprofundar a análise sobre o uso irregular de recursos federais, incluindo emendas parlamentares que, segundo a PF, poderiam ter financiado campanhas eleitorais de aliados de Júnior Mano nas eleições municipais de 2024.