O sociólogo José de Souza Martins, homenageado na 2ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, destacou a fragilidade da classe trabalhadora no Brasil durante entrevista à Agência Brasil. Martins, que é professor titular aposentado da Universidade de São Paulo (USP) e foi reconhecido por sua contribuição à sociologia, afirmou que a sociedade brasileira é marcada por uma história de repressão e criminalização dos movimentos sociais. Ele criticou a busca por uma classe trabalhadora dócil, que não reivindique seus direitos, e apontou que a violência na sociedade tem raízes na formação escravagista do país.
Martins, que atuou por 12 anos na ONU contra formas contemporâneas de escravidão, enfatizou que a exploração do trabalhador sem a devida repartição dos frutos do seu trabalho é um crime. Ele alertou para a persistência de práticas de escravização no Brasil, classificando-as como um fenômeno absurdo. O sociólogo também mencionou a necessidade de mobilização popular e participação ativa dos movimentos sociais para promover um desenvolvimento econômico que caminhe lado a lado com o social.
Em sua análise, Martins criticou a passividade da população diante das injustiças sociais, afirmando que a solução não virá de forma espontânea. Ele conclamou a sociedade a questionar a manipulação religiosa e a consciência coletiva, ressaltando a importância de uma crítica ativa sobre a realidade social. A cerimônia de entrega do prêmio ocorrerá em agosto, reconhecendo o legado de Martins na compreensão dos fenômenos sociais contemporâneos.