O Senado Federal aprovou em junho de 2023 o Projeto de Lei 1246/2021, que estabelece que 30% das cadeiras nos conselhos de administração de estatais sejam ocupadas por mulheres, sendo que 30% dessas vagas devem ser destinadas a mulheres negras ou com deficiência. A implementação da medida ocorrerá de forma escalonada nos próximos três anos, visando promover a diversidade na alta liderança das empresas públicas brasileiras.
Dados da B3, referentes a 2024, revelam que 37% das empresas com ações na bolsa brasileira não têm mulheres em seus conselhos de administração, e 96,6% não contam com conselheiros negros. Jandaraci Araújo, cofundadora do Conselheira 101, destaca que a presença de mulheres negras nesses espaços é alarmantemente baixa, representando apenas 1% dos conselheiros. Araújo, que atua em conselhos há oito anos, enfatiza a importância de preparar mulheres para serem vistas e reconhecidas em posições de liderança.
O programa Conselheira 101, criado em 2020, já formou e indicou mais de 100 mulheres negras para conselhos fiscais, consultivos e de administração, com 47% delas atualmente ocupando posições em instâncias de governança. Executivas como Thereza Moreno, presidente do comitê de auditoria da Munich Re, e Vânia Neves, ex-CTO global da Vale, ressaltam o impacto positivo da iniciativa em suas carreiras e a importância de criar uma rede de apoio entre mulheres negras no ambiente corporativo.
Apesar do aumento na qualificação das mulheres para atuar em conselhos, a presença feminina ainda é desproporcional. Atualmente, as mulheres ocupam apenas 12% das cadeiras em conselhos de administração no Brasil, evidenciando a necessidade de não apenas capacitação, mas também de ações efetivas que garantam a inclusão e a diversidade nesses espaços de decisão.