A seca prolongada no Piauí já afeta 224 municípios, segundo dados do governo estadual. Sem chuvas há quase quatro meses, a situação se agravou entre abril e maio, quando o número de cidades em estado de seca grave aumentou de 61 para 134. O fenômeno é considerado o pior dos últimos oito anos, com municípios como Simões e Caridade do Piauí enfrentando sérias dificuldades para plantar e obter água potável.
A barragem Salgadinha, principal reservatório de Simões, está quase seca, comprometendo o abastecimento de mais de 3 mil famílias da zona rural e metade da população urbana. A Defesa Civil local alerta que a capacidade do açude da Serra dos Cláudio não ultrapassou 30% neste ano, enquanto a barragem de Sobradinho apresenta solo rachado e a criação de peixes foi suspensa devido à falta de água.
Agricultores como Josefa Conceição e Daniela Lopes relatam perdas significativas em suas lavouras, com a produção de mandioca e milho comprometida. Maria José da Silva, residente de uma comunidade afetada, destaca a dificuldade em acessar água, uma vez que a cisterna não foi preenchida e a água encanada é inexistente. O secretário de Agricultura de Simões, Resenalvo Coelho, prevê que o abastecimento pelo reservatório Salgadinha se esgotará até o final de agosto, e os carros-pipa não são suficientes para atender a demanda.
Em Caridade do Piauí, a situação é semelhante, com a escassez de pasto afetando a criação de animais. O produtor Expedito Moraes recorreu a alternativas como o mandacaru para alimentar seu gado, mas expressa preocupação com o futuro, uma vez que a água disponível também está se esgotando rapidamente.