Em 2024, a Rússia exportou 20 vezes mais produtos para os países do Brics do que para os integrantes do G7, segundo dados da Comtrade, agência da ONU. Os membros do Brics, que incluem Brasil, China, Índia e África do Sul, adquiriram US$ 209,9 bilhões em mercadorias russas, enquanto as exportações para o G7 totalizaram apenas US$ 19,9 bilhões. O aumento das exportações para o Brics é atribuído às sanções econômicas impostas pelos EUA e países europeus após o início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022.
As sanções resultaram em uma drástica redução nas importações de produtos russos por países do G7, como a Alemanha, que viu suas compras caírem de US$ 31,2 bilhões em 2022 para apenas US$ 2,27 bilhões em 2024. Para contornar essas restrições, a Rússia tem ampliado suas relações comerciais com países aliados, especialmente os membros do Brics, onde apenas a África do Sul diminuiu suas importações russas desde o início do conflito.
A China se destacou como um parceiro estratégico, aumentando suas compras de produtos russos de US$ 79,6 bilhões em 2022 para US$ 130 bilhões em 2024, enquanto a Índia passou de US$ 8,7 bilhões em 2021 para US$ 67,2 bilhões em 2024, com a maior parte das importações sendo diesel e combustíveis. O Brasil também dobrou suas importações russas, subindo de R$ 6,2 bilhões em 2021 para R$ 12,2 bilhões em 2024, refletindo um aumento constante sob os governos de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva.
Recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou aplicar tarifas de 100% sobre produtos russos, caso a guerra na Ucrânia não seja encerrada em 50 dias. Essa medida, embora não impacte diretamente o comércio russo, poderia afetar países como Índia, China e Brasil, que mantêm relações comerciais com a Rússia. A estratégia dos EUA visa pressionar esses países a influenciar Moscou a buscar um cessar-fogo no conflito.