O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez duras críticas à política econômica e social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista à Folha de S.Paulo, publicada neste domingo, 6. Campos Neto, que ocupou a presidência do BC de 2019 a 2024, argumentou que a atual administração prioriza a igualdade em detrimento da redução da pobreza, o que, segundo ele, prejudica a economia brasileira.
O economista, que recentemente assumiu cargos no Nubank, expressou preocupação com o modelo econômico vigente, caracterizado pelo aumento de impostos e expansão de gastos sociais. Ele alertou que essa abordagem pode resultar em um "Estado inchado" e um setor privado debilitado, além de contribuir para a inflação e juros altos. Campos Neto também criticou a retórica de divisão utilizada pelo governo, que, segundo ele, enfraquece a credibilidade econômica.
Além de abordar o programa Bolsa Família, Campos Neto questionou sua eficácia e os impactos sobre o mercado de trabalho formal, destacando que em 2024 havia 12 estados onde o número de beneficiários superava o total de empregos formais. Ele enfatizou a necessidade de valorizar os empresários e alertou sobre a evasão de capital brasileiro, com muitos milionários deixando o país. O ex-presidente do BC defendeu um "choque positivo de credibilidade fiscal" para enfrentar a insustentável dívida pública brasileira.
Embora tenha criticado a política fiscal do governo Lula, Campos Neto elogiou a atuação do atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, e refutou as críticas direcionadas a ele por Lula e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificando-as como uma "narrativa política infundada". Campos Neto também negou interesse em participar da campanha presidencial de Tarcísio de Freitas, afirmando que seu foco está em finanças e tecnologia.