O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de 56 anos, fez duras críticas à política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva durante uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada neste domingo (6). Campos Neto, que assumiu recentemente o cargo de vice-chairman e chefe Global de Políticas Públicas do Nubank, afirmou que a administração atual tem uma "obsessão com igualdade" em detrimento da redução da pobreza, o que, segundo ele, resulta em um crescimento econômico insustentável baseado em dívidas e altos impostos sobre as empresas.
Durante a entrevista, Campos Neto destacou que essa abordagem leva a um Estado maior, um setor privado debilitado e uma inflação estrutural elevada, além de juros altos e baixa produtividade. Ele argumentou que a injeção de recursos públicos pode ser prejudicial, alertando que o país pode acabar em uma situação financeira pior devido a essas políticas. O ex-presidente do BC também criticou a retaliação a empresários que expressam opiniões contrárias a programas sociais, como o Bolsa Família, que, segundo ele, pode estar contribuindo para a informalidade no mercado de trabalho.
Além disso, Campos Neto manifestou preocupação com a narrativa de "nós contra eles" utilizada pelo governo para justificar aumentos de impostos e gastos sociais. Ele defendeu a necessidade de unir todos os setores da sociedade, incluindo empresários e trabalhadores, para promover um crescimento sustentável. O ex-presidente do BC ressaltou que o Brasil enfrenta um desafio significativo, com muitos milionários deixando o país e empresas buscando listagens em bolsas internacionais, o que demanda uma mudança de abordagem para manter os empresários ativos no mercado nacional.