Em sua primeira entrevista após a quarentena, o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou que a dívida pública do Brasil pode aumentar de 3 a 5 pontos percentuais ao ano se o governo não conseguir superávits. A declaração foi feita ao jornal Folha de S.Paulo e destaca a polarização política que permeia as discussões sobre as contas públicas no país. Campos Neto enfatizou a necessidade de unir empresários, empregados e o governo para promover um crescimento estrutural.
O ex-presidente do BC também respondeu às críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o acusou de deixar uma herança de juros altos para seu sucessor, Gabriel Galípolo. Campos Neto lamentou que a construção de narrativas tenha se sobreposto à busca por soluções estruturais e reafirmou seu princípio de criticar ideias, não pessoas. Ele mencionou que, ao se aproximar de sua saída, buscou dar mais espaço ao presidente do BC nas decisões.
Sobre o trabalho de Galípolo, Campos Neto elogiou a atuação técnica e transparente do novo presidente do Banco Central, afirmando que não tem reparos a fazer. No entanto, ele destacou que o verdadeiro desafio está no lado fiscal, onde a incerteza e a polarização política têm influenciado o debate. Campos Neto também negou qualquer intenção de apoiar uma candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e observou um fortalecimento da direita na América Latina, criticando a abordagem das ideologias de esquerda em relação à pobreza.