O Rio Grande do Sul é o segundo estado brasileiro que mais sofrerá com a tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos, conforme estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A medida, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, pode resultar em perdas de até R$ 1,9 bilhão para o estado, logo atrás de São Paulo.
Em 2022, o Rio Grande do Sul registrou um superávit de US$ 410,5 milhões na balança comercial com os EUA, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. No entanto, a nova tarifa preocupa diversos setores produtivos, especialmente a indústria calçadista, que exporta 48% de sua produção de calçados de couro para os Estados Unidos, totalizando US$ 133,8 milhões em 2024.
Priscila Linck, economista da Abicalçados, alerta que a sobretaxa pode inviabilizar operações, resultando na perda de aproximadamente 7,6 mil postos de trabalho. Outros setores, como armas de fogo, tabaco, madeira e móveis, também estão entre os mais afetados, com exportações significativas para o mercado americano. Valmor Thesing, presidente do Sinditabaco, estima um impacto financeiro de cerca de US$ 130 milhões para o segundo semestre, caso as tarifas sejam implementadas.
Empresas do estado já estão tomando precauções, como solicitar a retenção de contêineres no Porto de Rio Grande, que movimentou 19,4 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2023, um aumento de 6,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. A expectativa é que o governo brasileiro tome medidas para mitigar os efeitos da nova tarifa, que pode complicar ainda mais as negociações comerciais com os Estados Unidos.