O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Ricupero, e a especialista em Geopolítica e Comércio Internacional, Ariane Costa, publicaram um documento no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) propondo que o Brasil amplie suas relações comerciais com a Europa e a Ásia, em vez de retaliar o governo de Donald Trump após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. O comunicado, intitulado 'Brasil e Estados Unidos na Era Trump 2.0', destaca a importância de uma abordagem diplomática e estratégica diante do 'tarifaço' anunciado para entrar em vigor em 1 de agosto.
No dia 9 de julho, Trump justificou a imposição das tarifas com questões políticas e econômicas, alegando um saldo negativo na balança comercial com o Brasil, o que foi contestado por especialistas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou interesse em negociar, mas também indicou a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou à Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso Nacional.
Ricupero e Costa enfatizam que a 'reciprocidade' não deve ser uma resposta automática e sugerem que o Brasil fortaleça suas relações com a Câmara Americana de Comércio, aprofunde laços com a Europa e a Ásia, e promova reformas na OMC. Diplomatas alertam que, apesar da paralisia da OMC, o Brasil deve continuar buscando negociações, mesmo sem sinais claros dos EUA.
O impacto econômico das tarifas pode ser significativo, com estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicando uma possível queda de 0,16% no PIB e o fechamento de cerca de 110 mil postos de trabalho. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, está em diálogo com setores econômicos para avaliar as consequências e estratégias de resposta ao tarifaço.