O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) divulgou nesta sexta-feira (4) o Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas, que revela um aumento alarmante no número de brasileiros recrutados para trabalhar em condições análogas à escravidão em países do Sudeste Asiático. O documento, que compila dados de 2023, aponta que a maioria dos 63 casos de tráfico internacional identificados envolveu trabalho em plataformas digitais de apostas.
Durante a apresentação do relatório, a consultora do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc), Natália Maciel, destacou que os países com maior incidência de casos são as Filipinas (32%), Laos (17%) e Camboja (11%). Além disso, foram registrados casos na Bélgica (6%), Itália (5%) e Nigéria (8%), onde a exploração é similar à observada no Sudeste Asiático.
O relatório também menciona que, nos últimos anos, grupos criminosos organizados têm ampliado suas operações fraudulentas na região, atraindo vítimas com promessas de empregos bem remunerados. Em 2022, denúncias indicaram que brasileiros estavam sendo mantidos em cárcere privado no Camboja, após serem atraídos por ofertas de trabalho com salários de aproximadamente R$ 4,6 mil.
Em resposta a essa crescente preocupação, o MJSP implementou o Protocolo Operativo Padrão para Assistência às Vítimas Brasileiras de Tráfico Internacional de Pessoas, visando melhorar a assistência e o compartilhamento de informações entre órgãos públicos. O tema voltou a ganhar destaque após a fuga de dois brasileiros que estavam em Mianmar, ressaltando a urgência de medidas eficazes contra essa grave violação de direitos humanos.