A Instituição Fiscal Independente (IFI) divulgou nesta quinta-feira (17) o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), que revela avanços nos indicadores fiscais do primeiro semestre de 2025. O governo federal registrou um déficit primário de R$ 8,7 bilhões, uma redução significativa em relação aos R$ 67,4 bilhões do mesmo período de 2024. No acumulado de 12 meses, o país alcançou um superávit de R$ 15,7 bilhões, representando 0,1% do PIB, revertendo um déficit de R$ 253,9 bilhões do ano anterior.
Apesar dos resultados positivos, a IFI alerta que a melhora é impulsionada por fatores temporários, como a aprovação tardia do Orçamento de 2025, sancionado apenas em abril. Essa situação limitou a execução de despesas discricionárias, incluindo emendas parlamentares, e a expectativa é que os resultados fiscais se deterioram no segundo semestre, conforme essas despesas sejam efetivadas e incluídas em restos a pagar para o próximo ano.
A IFI também destaca a necessidade de um aumento na arrecadação de R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões para garantir o cumprimento das metas fiscais de 2026. Embora a meta de resultado primário zero para 2025 seja alcançável, a instituição prevê um déficit primário de R$ 78,1 bilhões, compatível com a meta estabelecida. A arrecadação primária líquida teve um crescimento real de 3,1% no semestre, mas incertezas em relação a novas medidas tributárias e fatores externos podem impactar negativamente as contas públicas.
O relatório ainda aponta que a economia brasileira opera acima do nível potencial, gerando pressões inflacionárias, com um hiato do produto estimado em 1,1% no primeiro trimestre e 0,6% no segundo. A melhora no resultado primário estrutural, que passou de -1,5% do PIB no quarto trimestre de 2024 para -0,5% no segundo trimestre de 2025, sugere uma redução do impacto das flutuações econômicas temporárias sobre as contas públicas.