Um relatório elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI/UFF) e pela Defensoria Pública de São Paulo revelou abusos de força policial durante a Operação Escudo, deflagrada em Guarujá no dia 28 de julho de 2023. A operação, que se estendeu por mais de um mês, resultou em 28 mortes e dois feridos graves, sendo considerada uma das mais letais da história recente do estado.
O estudo analisou 29 Procedimentos de Investigação Criminal (PICs) e cinco ações penais, constatando que 24 deles foram arquivados pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) sem denúncia. Apenas quatro mortes geraram denúncias criminais, envolvendo oito policiais. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que todas as ocorrências de mortes foram rigorosamente investigadas.
O relatório também traçou o perfil das vítimas, que eram predominantemente homens negros, com média de 30 anos e 77,7% com antecedentes criminais. Além disso, 20% eram considerados em situação de extrema vulnerabilidade social. Os pesquisadores destacaram que as investigações foram baseadas principalmente nos depoimentos dos policiais, desconsiderando provas materiais e testemunhos externos, o que levanta preocupações sobre a condução das investigações e possíveis práticas de extermínio.