A Operação Escudo, deflagrada pela Polícia Militar de São Paulo em 28 de julho de 2021, completou dois anos nesta segunda-feira (28) e um novo relatório revela abusos de força policial durante a ação. Considerada uma das mais letais da história recente do estado, a operação resultou em 28 mortes e dois feridos graves em um curto período. O estudo, elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI/UFF) em parceria com a Defensoria Pública de São Paulo, caracteriza a operação como uma forma de vingança contra jovens negros e pobres da Baixada Santista.
O evento de apresentação do relatório ocorreu na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em Santos (SP). Durante a ocasião, familiares de Luan Santos Policarpo Silva, um dos mortos na operação, expressaram sua indignação com a versão oficial da polícia sobre a morte do jovem, ocorrida em 1º de setembro de 2023. Segundo os parentes, Luan, que era dependente químico e não tinha antecedentes criminais, foi executado após ser levado a um local isolado por policiais, contrariando a versão de que ele teria sido conduzido à delegacia.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que todas as mortes decorrentes de intervenções policiais são rigorosamente investigadas. No entanto, o relatório analisou 29 Procedimentos de Investigação Criminal (PICs) e revelou que 24 deles foram arquivados pelo Ministério Público sem denúncia, levantando questionamentos sobre a eficácia das investigações. A situação continua a gerar preocupação e protestos na comunidade local, que clama por justiça e responsabilização dos envolvidos.