A relação entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Congresso Nacional enfrenta um momento de tensão, intensificado pela recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de restabelecer o decreto que aumentou a alíquota do IOF, além do veto presidencial ao aumento no número de deputados. O clima de instabilidade foi evidenciado na noite de quarta-feira (16), quando a Câmara dos Deputados aprovou um projeto conhecido como 'pauta-bomba', que prevê um crédito subsidiado de até R$ 30 bilhões para o agronegócio, utilizando recursos do Pré-Sal.
A crise se agravou desde o final de junho, quando o Congresso derrubou o decreto do IOF, resultando em uma série de tentativas frustradas de reconciliação entre os poderes. Apesar de reuniões realizadas na semana passada, a percepção é de que o debate eleitoral já dominou a agenda do Legislativo, criando um ambiente de instabilidade que deve persistir até as eleições de 2026.
Integrantes do Centrão e articuladores políticos do governo reconhecem que a relação entre Executivo e Legislativo se tornou uma questão de interesses, e não mais de afinidade. O Centrão, embora pragmático, ainda não se afastou da base governista, buscando manter sua influência nos ministérios. O governo, por sua vez, evita tomar medidas que possam afastar esse apoio, ciente de que precisará do Centrão em votações futuras. A expectativa é que a situação se torne ainda mais crítica até abril, quando novos desentendimentos podem surgir.