Uma técnica inovadora de fertilização in vitro que utiliza DNA de três pessoas resultou em oito crianças saudáveis no Reino Unido, conforme um relatório divulgado na última quarta-feira (16). O estudo, publicado na revista "New England Journal of Medicine", acompanhou 22 mulheres com mitocôndrias que causam doenças, que passaram pelo procedimento de doação mitocondrial, visando evitar a transmissão de mutações genéticas prejudiciais. Uma gravidez adicional ainda está em andamento.
A doação mitocondrial consiste na transferência de um óvulo fertilizado com mitocôndrias defeituosas para um óvulo de doadora com mitocôndrias saudáveis, permitindo que os bebês herdem DNA nuclear dos pais biológicos e DNA mitocondrial da doadora. De acordo com os pesquisadores, as seis crianças, quatro meninas e dois meninos, estão se desenvolvendo normalmente, com idades que variam de cinco meses a mais de dois anos.
Robert McFarland, neurologista pediátrico da Universidade de Newcastle e co-líder do estudo, expressou otimismo em relação aos resultados, afirmando que a possibilidade de ver crianças livres de doenças mitocondriais é um avanço significativo. As doenças mitocondriais, que afetam o funcionamento celular e podem comprometer órgãos vitais, não têm cura e os tratamentos são focados na prevenção de complicações.
O Reino Unido foi pioneiro na regulamentação da doação mitocondrial em 2015, após mais de uma década de pesquisa, e atualmente apenas uma clínica no país está licenciada para realizar o procedimento. Embora a técnica seja complexa e envolva riscos, os resultados até agora indicam que a maioria das crianças não apresenta sinais significativos de mitocôndrias patogênicas, o que é um indicativo positivo para o futuro dos nascimentos realizados por meio dessa técnica.