Na quinta-feira, 17, o Reino Unido e a Alemanha assinaram o Tratado de Kensington, marcando o primeiro pacto de defesa entre os dois países desde a Segunda Guerra Mundial. O acordo, assinado pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, em Londres, busca fortalecer a cooperação em áreas como defesa, energia, migração e cultura, em resposta a um cenário de insegurança global, exacerbado pela política isolacionista dos Estados Unidos e pela ameaça russa.
O tratado inclui uma cláusula semelhante ao Artigo 5 da Carta da Otan, que estabelece que um ataque a um dos países é considerado uma ameaça ao outro. O documento prevê que Reino Unido e Alemanha se apoiarão mutuamente, inclusive com recursos militares, em caso de agressão. Essa iniciativa surge em um contexto em que a Alemanha, embora não possua armas nucleares, é o terceiro maior fornecedor de equipamentos militares para a Ucrânia, atrás apenas dos EUA e do Reino Unido.
Merz também defendeu a criação de um eixo estratégico entre Londres, Paris e Berlim para enfrentar a migração ilegal e aprofundar a colaboração na defesa, buscando recuperar a influência perdida pelo Brexit. O chanceler expressou seu lamento pela saída do Reino Unido da União Europeia, enquanto Starmer manifestou apoio a uma maior cooperação entre os três países, ressaltando a importância do Reino Unido nas questões de segurança europeia.
O Tratado de Kensington não estabelece um bloco militar formal, mas reposiciona o Reino Unido junto às duas maiores potências da Europa em temas críticos como imigração e segurança, que se tornaram ainda mais urgentes devido à guerra na Ucrânia e ao isolamento político dos EUA sob a administração de Donald Trump.