Milhares de ucranianos se reuniram nas ruas de diversas cidades na última terça-feira para protestar contra uma nova legislação que, segundo críticos, compromete a independência de importantes agências anticorrupção do país. A manifestação, que marca a primeira grande mobilização contra o governo desde o início da guerra com a Rússia, reflete um crescente descontentamento popular e uma possível fratura na unidade nacional que tem sustentado a resistência ucraniana.
O presidente Volodymyr Zelensky defendeu a nova lei como uma medida necessária para eliminar a influência russa na luta contra a corrupção, embora não tenha apresentado evidências concretas para justificar sua posição. A legislação aprovada pelo parlamento estabelece que o Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) e o Escritório do Procurador Especializado em Anticorrupção (SAPO) estarão sob a supervisão do procurador-geral, que é indicado pelo presidente.
Apesar das manifestações, Zelensky sancionou a lei, ignorando os apelos de milhares de cidadãos que pediam seu veto. Críticos afirmam que a nova estrutura de supervisão pode aumentar o controle do presidente sobre as investigações anticorrupção, levantando preocupações sobre a possível politização das agências. A aprovação da lei ocorre em um contexto de recente reformulação no gabinete de guerra de Zelensky, que é vista como uma tentativa de consolidar poder em seu círculo mais próximo.
Antes da sanção, as agências anticorrupção alertaram que a nova legislação transformaria o NABU em uma subdivisão do procurador-geral, comprometendo sua capacidade de atuar de forma independente. As manifestações refletem a crescente insatisfação da população com a direção política do governo em um momento crítico para a Ucrânia.