A recente imposição de tarifas de 50% pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, levanta preocupações sobre o impacto nos investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, ocorre em um contexto de crescente protecionismo global, que tem afetado países emergentes desde a Grande Crise Financeira de 2008.
De acordo com o Banco Internacional de Compensações (BIS), o número de restrições comerciais impostas por economias avançadas sobre importações de países emergentes aumentou em média 8% ao ano entre 2009 e 2023. O relatório do BIS destaca que a proporção de produtos afetados por essas tarifas saltou de 5% para 62% no mesmo período, o que pode reduzir o fluxo de IED e, consequentemente, o crescimento econômico das nações emergentes.
Embora os Estados Unidos sejam o segundo maior parceiro comercial do Brasil, sua contribuição para a balança comercial do país é inferior a 2% do Produto Interno Bruto (PIB), o que, segundo economistas, pode limitar os danos econômicos diretos. No entanto, o economista-chefe do UBS BB, Alexandre de Ázara, alerta que a classificação do Brasil como 'não-amigável' pelos EUA pode prejudicar os investimentos diretos no país.
Até maio de 2023, o Brasil registrou um ingresso líquido de mais de US$ 30 bilhões em IED, uma queda de 1,90% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Banco Central projeta uma entrada líquida de US$ 70 bilhões em 2025, o que representa 3,2% do PIB. Apesar dos desafios, especialistas afirmam que a atratividade do Brasil como um grande mercado interno deve continuar a atrair investimentos estrangeiros, mesmo diante das tensões comerciais.