O projeto DNA do Brasil, lançado recentemente, apresenta dados inovadores que podem transformar a saúde pública no país. Desde 1990, a medicina tem avançado com o Projeto Genoma Humano, mas cerca de 80% dos dados genéticos disponíveis são oriundos de populações de ancestralidade europeia, limitando a aplicabilidade dos resultados em outros grupos. A análise de 2.723 genomas de brasileiros revelou quase 9 milhões de variações genéticas desconhecidas, evidenciando a diversidade genética do Brasil.
Os cientistas identificaram mais de 78 milhões de variantes de nucleotídeo único (SNVs), que podem influenciar características físicas e a predisposição a doenças. Dentre essas, 36.637 variantes são consideradas deletérias, ou seja, potencialmente prejudiciais à saúde. Esses dados são cruciais para entender a predisposição genética a doenças comuns e raras, além de possibilitar a personalização de tratamentos e ajustes na dosagem de medicamentos.
Com as doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, responsáveis por 74% das mortes no Brasil, a medicina personalizada se torna essencial. A implementação de estratégias de saúde baseadas nas variações genéticas pode não apenas melhorar a qualidade de vida da população, mas também otimizar os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), reduzindo internações e custos associados ao tratamento de doenças crônicas.